Media Watch

Um olhar sobre o que se vai passando com os media

02 dezembro 2006

Aborto: criticada por defender ‘não’ no referendo

Renascença garante isenção

A Rádio Renascença (RR) desvaloriza a declaração do Conselho Deontológico (CD) do Sindicato dos Jornalistas (SJ) que anteontem criticou a rádio por defender o ‘não’ no referendo sobre o aborto. José Luís Ramos Pinheiro, do Conselho de Administração, diz tratar-se de um mero editorial e garante isenção na cobertura do tema.

“A Renascença situa-se inequivocamente do lado da vida e do ‘não’ perante a pergunta posta a sufrágio”, ouvia-se anteontem, a poucos minutos do noticiário das 08h00, na emissora católica. No mesmo dia, reagindo à nota, Avelino Rodrigues, vice-presidente do CD do SJ, considerou “absurdo que um órgão de informação tome uma posição colectiva sobre uma matéria deste teor”.

Ramos Pinheiro não comenta a reacção, mas defende que a nota da Renascença não vincula os seus jornalistas, tratando-se de um mero editorial, como acontece noutros meios: “A Imprensa tem editoriais diários e não me parece que façam referendos internos aos seus jornalistas. Nem faria qualquer sentido.

”A polémica, aliás, passou ao lado dos jornalistas da RR, como garantiu um ao CM. O director de Informação, Francisco Sarsfield Cabral, confirma: “Ninguém estranhou a posição porque a RR sempre a teve. Houve até o cuidado de referir que isso não limitaria a nossa actuação. Vamos ouvir todas as partes e cumprir as regras deontológicas.

”Ramos Pinheiro relembra que “as notas de abertura da RR são uma prática com mais de 30 anos” e que o aborto já foi tema dessas comunicações em diversas ocasiões, inclusivamente “em 98, data do primeiro referendo. Agora, voltámos a tomar a mesma posição de então”. A inspiração cristã da rádio, segundo o gestor, é a justificação: “As pessoas conhecem os valores da Renascença e até estranhariam se não tomássemos esta posição.

”Em defesa do bom nome da Redacção, Ramos Pinheiro diz que “a Renascença diz o que pensa, mas trabalha com isenção. O seu trabalho fala por si e desafio as pessoas a avaliarem o trabalho feito em 98: ver onde estavam os factos e o esclarecimento da opinião pública, onde se procurou excluir a intoxicação informativa”. O problema, defende, está “em quem disfarça as posições para depois atraiçoar o seu trabalho com informação manipulada”.


Fonte: Nuno Tadeu,in correio da manhã
Recolha & Postagem: Igor Pinto